- há 20 minutos

Do livro: No rumo certo
Psicografia: Chico Xavier
Por: Neio Lúcio
A ESCOLA DAS ALMAS
Congregados, em torno do Cristo, os domésticos de Simão ouviram a voz suave e persuasiva do Mestre, comentando os sagrados textos.
Quando a palavra divina terminou a formosa preleção, a sogra de Pedro indagou, inquieta:
— Senhor, afinal de contas, que vem a ser a nossa vida no lar?
Contemplou-a Ele, significativamente, demonstrando a expectativa de mais amplos esclarecimentos, e a matrona acrescentou:
— Iniciamos a tarefa entre flores para encontrarmos depois pesada colheita de espinhos. No começo é a promessa de paz e compreensão; entretanto, logo após, surgem pedras e dissabores...
Reparando que a Senhora Galileia se sensibilizara até às lágrimas, deu-se pressa Jesus em responder:
— O lar é a escola das almas, o templo onde a sabedoria divina nos habilita, pouco a pouco, ao grande entendimento da Humanidade.
E, sorrindo, perguntou:
— Que fazes inicialmente às lentilhas, antes de servi-las à refeição?
A interpelada respondeu, titubeante:
— Naturalmente, Senhor, cabe-me levá-las ao fogo para que se façam suficientemente cozidas. Depois, devo temperá-las, tornando-as agradáveis ao sabor.
— Pretenderias, também, porventura, servir pão cru à mesa?
— De modo algum — tornou a velha humilde —; antes de entregá-lo ao consumo caseiro, compete-me guardá-lo ao calor do forno. Sem essa medida...
O Divino Amigo então considerou:
— Há também um banquete festivo, na vida celestial, onde nossos sentimentos devem servir à glória do Pai. O lar, na maioria das vezes, é o cadinho santo ou o forno preparador. O que nos parece aflição ou sofrimento dentro dele é recurso espiritual. O coração acordado para a Vontade do Senhor retira as mais luminosas bênçãos de suas lutas renovadoras, porque, somente aí, de encontro uns com os outros, examinando aspirações e tendências que não são nossas, observando defeitos alheios e suportando-os, aprendemos a desfazer as próprias imperfeições. Nunca notou a rapidez da existência de um homem? A vida carnal é idêntica à flor da erva. Pela manhã emite perfume, à noite, desaparece... O lar é um curso ligeiro para a fraternidade que desfrutaremos na vida eterna. Sofrimentos e conflitos naturais, em seu círculo, são lições.
A sogra de Simão escutou, atenciosa e ponderou:
— Senhor, há criaturas, porém, que lutam e sofrem; no entanto, jamais aprendem.
O Cristo pousou na interlocutora os olhos muito lúcidos e tornou a indagar:
— Que fazes das lentilhas endurecidas que não cedem à ação do fogo?
— Ah! sem dúvida, atiro-as ao monturo, porque feririam a boca do comensal descuidado e confiante.
— Ocorre o mesmo — terminou o Mestre — com a alma rebelde às sugestões edificantes do lar. A luta comum mantém a fervura benéfica; todavia, quando chega a morte, a grande selecionadora do alimento espiritual para os celeiros de Nosso Pai, os corações que não cederam ao calor santificante, mantendo-se na mesma dureza, dentro da qual foram conduzidos ao forno bendito da carne, serão lançados fora, a fim de permanecerem, por tempo indeterminado, na condição de adubo, entre os detritos da Natureza.






- há 4 horas

Mayrion Álvares da Silva
Profissão: Estoquista
Instagram: @folhadebrumado
Tempos bons eram aqueles
Que os palhaços alegravam nossos dias,
Hoje, no circo do congresso nacional
A palhaçada fica por conta da hipocrisia.
Delação premiada é recurso para canalhas
Que nossas leis lhes oferecem de garantia,
Enquanto a educação, a saúde e a segurança
Morrem sem recursos todo santo dia.
Todo candidato é dono de uma solução
Como fórmula mágica no período eleitoral,
Todos eles têm o poder em suas mãos
Mas lhes faltam dignidade, caráter e moral.
Os nossos políticos são atores da inocência
Que atuam cinicamente no teatro parlamentar,
Eles só não são ainda santos canonizados
Devido ter na Suíça, muito pecado para sacar.
Com o tempo perdemos a referência
Moeda de troca chama-se coligação,
Política que era a arte de governar
Hoje se filiou ao partido da corrupção.
Tempos bons eram aqueles
Que os palhaços transmitiam o gargalhar,
Hoje no circo do congresso nacional
Os palhaços de ternos só nos fazem chorar.






- há 23 horas

RIBAMAR VIEGAS
ESCRITOR LUDOVICENSE
Educação é o processo amplo e contínuo de desenvolvimento sociocultural humano.
“Democracia é o governo do povo, para o povo e pelo povo” – Abraham Lincoln, em 1863.
Desde a Proclamação da República no Brasil, em 1889, que a tônica do discurso político no nosso país incorpora referências de natureza democrática e expressões de preocupação com a educação em todas as esferas sociais. Isso ocorre, principalmente, em períodos de eleições para formação do Congresso Nacional.
Mas a discrepância entre os discursos políticos e as ações para amenizar as diferenças socioculturais entre as classes de pessoas no Brasil continua muito grande. E os excluídos do sociocultural refugiam-se nas periferias, nas favelas e nos Sertões. Uma parte destes excluído, para sobreviver, termina adotando a violência, resultando em facções criminosas que atualmente sitiam grandes cidades brasileiras, principalmente as metrópoles.
“No Brasil ainda vivemos a Democracia da gravata lavada”; essa constatação foi do político mineiro Teófilo Otoni, em 1860, prevalecendo até hoje. A classe letrada e asseada é a única merecedora do gozo dos direitos políticos da cidadania. Constatação negada pelos demagogos daquela época e admitida explicitamente pelos demagogos de hoje através da subtração absurda das verbas da educação (FUNDEB) para mensalões, orçamentos secretos, auxílios parlamentares... resultando em 1 analfabeto em cada 20 brasileiros.
O educador Florestain Fernandes, afirma que: “O que assistimos, de fato, foi à formação de um sistema escolar que se funda, formalmente, em valores democráticos, mas, na prática, funciona segundo interesses e acomodações variavelmente pré ou antidemocráticos”. Em outras palavras: prevalecem as articulações dos políticos corruptos que preferem um povo ignorante para continuar reelegendo-se.
Quando o professor Anísio Teixeira escreveu, em 1947, que educação é a base, o fundamento e a condição para a democracia plena, muitos acharam que o mestre havia exagerado na sua retórica. O magistral professor já enxergava a importância do sociocultural para todos.
O professor Paulo Freire alertava aos educadores que, mais que educar, eles deveriam estar atentos à concepção da situação social brasileira. Assim poderiam ensinar o BA A BA, inserindo o aluno a realidade do seu habitat, da sua cidade e do histórico do seu país para formar cidadãos conscientes e não somente meros formados. O Chile e a Argentina levaram a sério essa filosofia de Paulo Freire e formam cidadãos conscientes dos seus direitos e deveres. Deu certo! Para os habitantes desses dois países, nós, brasileiros, não passamos de meros cordiais – aqueles que concordam com tudo, inclusive com a negativa dos nossos direitos de cidadãos −. Os chilenos e os argentinos têm consciências dos seus direitos, também, à educação, tanto que o índice de analfabetismo nesses dois países é zero e, consequentemente, é zero também o índice de facções criminosas, Cracolândia... Portanto, a coisa só frutificará quando nossas crianças, independentemente da condição social, cor da pele e gênero, crescerem dentro do sociocultural, desenvolvendo os seus direitos e deveres.
Palmas para Brumado, município com 75 mil habitantes, Sudoeste da Bahia, que dá um passo largo para a democracia plena através da educação, com cerca de 100% das escolas de ensino médio municipais e 50% das escolas de ensino médio estaduais funcionando em Tempo Integral. E os 50% restantes das escolas do curso médio estadual, funcionando com ensino profissionalizante, tudo sem distinção social... exercitando o sociocultural.
(Sou professor Normal Superior... sem sala de aula)





